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Com a autorização para atuar como agente comercializador de energia, a Eletrobras está apostando forte nessa atividade. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 12 de julho, o CEO da empresa, Wilson Ferreira Junior, salientou que a holding até então não fazia operações de compra e venda, o que a excluía da possibilidade de ter um resultado operacional que a permitisse usar créditos fiscais. Segundo ele, a comercialização poderá absorver cerca de R$ 4 bilhões desses créditos em dez anos.

Ainda segundo ele, as subsidiárias possuem um nome forte no mercado, com presença regional. Aliando isso a estratégias de risco e criação de produtos estruturados, potencializa as vendas de energia. “Antes as empresas vinham até nós, agora nós é que estamos indo, montando equipes de vendas na empresas para poder fazer isso de forma organizada”, explica.

Antes da privatização, eram 31 consumidores livres e uma base reduzida de clientes. Com a privatização, já são 132 clientes em junho de 2023. A nova comercializadora tem estrutura centralizada, mesa centralizada de trading e pode fazer contratos longos. De 1,4 GW med que ela tinha para vender esse ano, 83% já fora comercializados. Da receita da Eletrobras, 30% está no mercado livre. Com 5,8 GW med comercializados, a empresa revela ter garantido contratos com preços acima da média do mercado.

A ex-estatal olha para a abertura de mercado, que trará no ano que vem mais 100 mil clientes. Para o executivo, haverá uma disputa por esses consumidores, que são menores mas não devem ser considerados pequenos, uma vez que poderão equivaler a 15% de volume de vendas brasileiras. “Faz muito sentido ter estratégia de marketing, B2B, B2C, proximidade com consumidores e bons produtos, a companhia está se estruturando para isso”, avisa.

Com foco no cliente de grande porte (corporate) a empresa está usando armas para fechar contratos, como oferecer prazos e flexibilidade, além de usar inteligência de mercado e artificial para identificar clientes representativos que podem agregar.

O grupo B também está nos planos da Eletrobras. Ferreira Junior conta com a abertura total em 2026, como previsto no Projeto de Lei 414. Para isso, seriam necessárias outras ferramentas de aproximação, como plataformas de negociação, mais digitalização e customização de produtos. Segundo ele, a abertura para esse público, de mais de 80 milhões de clientes, deverá ser gradual.

Angra 3  – O presidente da Eletrobras espera que em agosto o BNDES conclua o estudo para o financiamento da térmica nuclear para que seja encaminhado ao Conselho Nacional de Política Energética em setembro ou outubro. Ferreira Júnior salientou a importância da usina para o sistema por estar perto dos principais centros de carga e não ser emissora de carbono. Angra 3 teve seu canteiro de obras paralisado em 2015, por falta de recursos.